A iniciativa de grafiteiros ararenses transforma as paredes e muros do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) José Olavo Paganotti, localizado na Praça Jorge Assumpção, zona leste. Os artistas compraram tintas e sprays com dinheiro do próprio orçamento após autorização da Prefeitura. Todos tem objetivo comum: o fim preconceito e abertura para o grafite.
O grafite surgiu na década de 1970 na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, quando alguns jovens começaram a deixar marcas nas paredes das cidade. Eles evoluíram e foram importados para outros países, inclusive o Brasil que tem a cidade de São Paulo como principal referência. O Brasil conta com artistas conhecidos mundialmente, sendo Eduardo Kobra e os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo (Os Gêmeos).
Erison Francisco começou a grafitar aos 10 anos e seus desenhos são compostos por letras e personagens. “A aceitação na cidade ainda está longe por conta do pensamento provinciano, que está fechada para algumas coisas”, opina.
O artista é autor de um famoso grafite que fica nas margens do Ribeirão das Furnas, altura do antigo Curtume Graziano. Ela se chama “Navegar é Preciso” e tem objetivo de despertar reflexão para quem passa pela Avenida Dona Renata (Marginal).
Situação semelhante é relatada por José Mendes Neto, que afirma que parte da população e até a polícia ainda confunde grafite com pichação. “Não é fácil ser grafiteiro em Araras e a gente sofre pressão. Mas é preciso ter em mente que ele pode revitalizar áreas degradadas”, disse.
No grupo Fernanda Siqueira é a única grafiteira, mas disse que existem outras na cidade. Formada em artes visuais, conta que grafita há apenas um mês. “Minha arte é mais surrealista e me expresso nas cores e nas formas que desenho na parede”, explica.
Outro grafite que chama atenção no CEU tem autoria de Danilo de Paula Ferreira, o Tenk. “Passei a infância na periferia e minha ligação com o universo do hip hop é muito forte. Posso afirmar que o grafite tem o poder de tirar os jovens da criminalidade”, disse Tenk.
Ele relata que começou na clandestinidade, mas hoje cria suas artes apenas com autorização. “Sempre procuro transmitir uma mensagem com meus desenhos, principalmente pelo fato deles terem a vida como tema”, afirma.
Anderson Thiago Generozo, o Chuck, tem história de vida semelhante ao exposto por Tenk. Morador da zona leste, descobriu o talento para o grafite aos 12 anos nas aulas de artes na escola. “Minha habilidade em produzir ou reproduzir desenhos era grande”, recorda o artista, que cria grafites com forte presença do branco e preto e das frases que levam a reflexão.
No grupo tem Wilson Finardi, que reside no Residencial Samantha. Filho de classe média alta e estudante do último ano de direito, se revela apaixonado pelas artes e fala que o grafite não escolhe classe social. “Eu abraço qualquer tipo de arte e expressão e o grafite é a maior intervenção em uma cidade. Quando a pessoa caminha por uma rua e se depara com um desenho, este desenho a faz refletir e por isso acredito que há espaço em Araras”, defende Wilson.