As novas placas no padrão Mercosul finalmente começaram a ser usadas no Brasil – inicialmente no Rio de Janeiro e gradualmente em outros Estados.
Entretanto, uma série de imbróglios e mudanças de rumo têm atrasado sua implantação e tornado difícil saber, exatamente, quais serão seus recursos.
Como ainda há muitas dúvidas sobre este novo sistema, QUATRO RODAS compilou tudo o que já foi divulgado sobre as novas placas e conta como isso afeta a sua vida.
A troca não é obrigatória (ainda)
Atualmente somente um grupo de veículos deve adotar a nova placa. São eles:
– Carros novos
– Veículos que passaram por mudança de município
– Veículos que trocaram de categoria (um táxi que vira um carro de passeio, por exemplo)
– Veículos cuja placa atual não foi aprovada em vistoria e/ou está ilegível ou danificada
– Quem quiser trocar a placa voluntariamente também pode fazê-lo, caso o Estado onde o veículo estiver registrado já tiver adotado o novo sistema.
O número 0 recebeu um traço para se diferenciar da letra O
Segundo o Detran do Rio de Janeiro, quem não se enquadrar nos quesitos acima não precisará trocar as placas. O Denatran espera que, gradualmente, toda a frota circulante do país receba a nova placa nos próximos anos.
No entanto, como o novo sistema possui outra sequência de números e letras (veja mais abaixo), é provável que no futuro o governo opte pela obrigatoriedade para que todos os carros restantes troquem as placas, para completar a padronização da frota até 2023.
Quando ela estará disponível para o resto do Brasil?
O prazo final inicial era dezembro de 2018, mas uma série de liminares e discussões entre os diferentes departamento de trânsito fez com que a implantação completa da placa tenha sido adiada, no meio deste ano, para 30 de janeiro de 2020.
Além do Rio de Janeiro, os Estados que já aderiram à nova placa são Amazonas, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Norte.
Quem quiser fazer a troca voluntária precisará aguardar que o Estado onde o veículo está registrado entre no sistema.
Pasmem: ela não custará mais caro
No Rio de Janeiro, o primeiro Estado a adotar o novo padrão, o custo da nova placa até caiu: R$ 193,84 para carros e R$ 64,61 para motocicletas, contra R$ 219,35 e R$ 90,12, respectivamente, no sistema anterior.
A diferença se dá porque o novo sistema não exige o lacre da placa traseira (que no Rio custava R$ 25,51). Por conta disso, o valor deixou de ser cobrado.
Esses problemas fizeram com que o Contran voltasse atrás e eliminasse os brasões do Estado e município.
Não parece, mas ela tem o mesmo tamanho
Na primera vez que a nova placa foi revelada, houve a sensação de que ela era mais larga que a atual. Parte disso se dá por sua similaridade com as icônicas placas da União Europeia – essas sim, bem mais largas, com 52 cm.
A nova placa, porém, tem as mesmas dimensões da atual: 40 cm de largura por 13 cm de altura.
Ainda assim, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) autorizou uma redução de até 15% no tamanho da placa em situações nas quais ela não couber no receptáculo do veículo, desde que o QR Code e a bandeira do Brasil sejam preservados.
Nossos vizinhos argentinos não tiveram a mesma sorte. Lá as placas antigas são mais estreitas (29,4 cm x 12,9 cm), o que pode exigir adaptações em veículos antigos regionais.
Como serão as sequências?
A flexibilidade do código alfanumérico permitirá à placa do Mercosul oferecer mais de 450 milhões de combinações. No sistema antigo, ainda vigente em alguns Estados, o teto de combinações era de 175 milhões.
Os sete caracteres da placa atual brasileira foram mantidos, porém com quatro letras e três números, e não mais três letras e quatro números.
Além disso, letras e números podem ser “embaralhados”, e não mais dispostos de maneira fixa em uma sequência LLL NNNN (em que L é letra e N, número).
Os países do Mercosul que adotarem a nova placa, inclusive, poderão estabelecer essa distribuição de maneira distinta.
Por exemplo, enquanto na Argentina a sequência tem sido LL NNN LL, no Brasil ela será inicialmente LLL NLNN para automóveis e LLL NN LN para motocicletas.
Como ficará a sequência em carros já emplacados?
Como a nova placa manterá a quantidade de caracteres, porém com mudanças na sequência de letras e números, quem fizer a troca da placa antiga pela nova em um veículo já registrado verá o segundo número (da esquerda para a direita) ser substituído por uma letra de acordo com a tabela abaixo:
Como é Como ficará
0 = A
1 = B
2 = C
3 = D
4 = E
5 = F
6= G
7 = H
8 = I
9 = J
Com isso, uma placa QUA 1960 se transformará em QUA 1J60, com o “J” dando lugar ao “9”.
É importante ressaltar que, ao contrário do que aconteceu na migração das placas amarelas para cinzas, o proprietário não poderá mudar a sequência da placa do seu veículo na troca.
Não tem sequência proibida – por enquanto
A adição de mais uma letra à placa brasileira permitirá diferentes combinações, incluindo algumas engraçadinhas.
QUATRO RODAS questionou o Denatran se haverá alguma sequência específica que será bloqueada para uso, como FDP, KCT ou PIN7O, por exemplo.
O órgão informou que essas sequências “estão sendo analisadas tecnicamente para que sejam destinadas a determinados tipos de veículos como transporte público ou fiquem disponíveis para escolhas do próprio usuário (proprietário do veículo), se assim for do seu interesse”.
A probabilidade de que haja restrições, porém, é alta. Nos Estados Unidos e na Alemanha há limitações para evitar problemas nos cadastros de multas e até impedir apologias ao nazismo.
Como vou saber de qual cidade é um determinado veículo?
Hoje em dia é fácil identificar o Estado e município onde um automóvel foi registrado, pois essas informações ficam em uma plaqueta na parte superior da placa.
No novo padrão, porém, esse espaço é reservado exclusivamente para o país de registro do veículo. A identificação de Estado e cidade aconteceria por meio de brasões oficiais na lateral direita da nova placa.
Como dissemos acima, após uma mudança do Contran, a nova placa não terá mais os símbolos que permitiriam a identificação de local de registro do veículo.
Por conta disso, a principal forma de o cidadão saber onde o carro está registrado é usando o aplicativo Sinesp Cidadão, que também avisa se o veículo tem registro de furto.
Mas as sequências destinadas a cada Estado foram mantidas, levando em conta apenas a conversão de número para letra já citada. O Paraná, por exemplo, usará o intervalo AAA 0A01 até BEZ 9J99 (no sistema antigo era AAA 0001 a BEZ 9999).
Isso permitirá que você saiba, ao menos, qual foi o primeiro Estado de registro de cada carro.
Como serão identificadas as diferentes categorias de veículos?
Outra coisa que ficará mais difícil é saber se o carro é oficial, de aluguel (táxi) ou se está em testes.
Nas placas antigas essa identificação era feita pela cor de fundo e pelo tom das letras. Como no padrão Mercosul o fundo será sempre branco, somente a borda e as letras irão mudar de cor.
A maioria das placas vai apenas migrar a cor que era usada no fundo para as letras. Em veículos de teste a borda e os caracteres serão verdes, enquanto ônibus, caminhões e táxis usarão o vermelho.
Os carros de coleção, porém, usarão caracteres cinzas, já que o preto é exclusivo dos automóveis comuns.