Polícia Civil vai instaurar inquérito para investigar se houve crime de estelionato.
Uma empresa de Araras (SP) está sendo acusada de vender trailers, receber parte do pagamento, mas não fazer a entrega aos compradores. A Polícia Civil investiga o caso.
Em uma nota de esclarecimento enviada aos clientes, Antonio Carlos Batista do Prado Filho afirma que não tem vínculo com a Araras Trailers, que é o pai dele.
O texto explica que a empresa foi acionada na Justiça por ex-funcionários, teve as contas bloqueadas, pedido de falência decretado e o registro para fabricação de trailers caçado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia em Goiás (Inmetro).
Prado Filho diz ainda que se afastou da empresa e está abrindo outra no mesmo ramo. Em outro trecho do texto, ele afirma que mesmo não tendo responsabilidade civil, criminal ou judicial com os contratos feitos pela empresa do pai, pretende honrá-los.
Investigação
O delegado Paulo Cezar Hadich informou que vai abrir um inquérito para apurar se houve crime. A polícia quer saber se a empresa recebeu recursos já com o intuito de não cumprir o contrato. Caso tenha agido com essa intenção, cometeu crime de estelionato.
“Independentemente da responsabilidade na esfera criminal existe a responsabilidade na esfera cível. Qualquer compromisso que ele assumiu ele tem que honrar. Se não foi possível por alguma razão, ele terá que honrar de outra forma devolvendo o dinheiro mais os prejuízos que as pessoas tiveram”.
Prejuízos
O sonho de Ilda Vieira de Souza era um trailer completo, mas ela segue vendendo os salgados e doces no porta-malas do carro em frente às indústrias. Ela contratou a empresa para fazer o trailer por R$ 12 mil.
Ilda fez um empréstimo no banco e deu metade do valor de entrada, mas nunca recebeu a encomenda.
A empresa mandou um segundo contrato com uma razão social diferente e com sede em outra cidade. Ilda está com medo de assinar. “No contrato descreve que eu ainda tenho que pagar os 50%. Eu não vou pagar porque se eu já dei 50% e não recebi o trailer. Imagine se eu pagar completo”, disse.
O gerente comercial Osvaldo Nintz contratou a mesma empresa para fazer o trailer e deu R$ 10,75 mil de sinal. “Tinha uma data para ser entregue, dia 6 de dezembro. Como não foi cumprido, fui até o Procon e tentei resolver por lá. Na Justiça, teve audiências, mas ninguém compareceu O trailer eu não quero mais, vou esperar receber o dinheiro que é o mínimo”, contou.
Há clientes aborrecidos com a empresa em outras regiões de Brasil. O contador Rafael Vasconcelos mora em Florianópolis (SP) e também se diz prejudicado. “Em relação aos R$ 11 mil que depositei na conta deles, tenho interesse em reaver, mas eu já perdi as esperanças em relação a esse valor. Eles prejudicaram muitas famílias”, disse.
Empresa
A empresa funcionava na Avenida Dona Renata, no Centro. A reportagem da EPTV esteve no local e constatou que no prédio não tem mais nenhuma placa que indique que um dia funcionou a empresa especializada em trailers.
Em uma página em que consumidores que registram reclamações na internet, a Araras Trailers aparece como não recomendadada. Das 19 reclamações registradas em um ano, 16 não foram atendidas.
Ex-funcionários
Ex-funcionários afirmam que não receberam os direitos trabalhistas com o fechamento da empresa.
“Ficamos sem receber até o pagamento. O FGTS não foi depositado, não deu baixa na nossa carteira, foram embora sem dar satisfação”, disse o soldador Saimon Afonso Moura.
O também soldador Lourival Garcia contou que tentou vários acordos, mas não conseguiu nada. “Eles falaram para eu procurar a Justiça porque não iriam pagar”.
Por e-mail, o dono da Araras Trailer, Antonio Carlos Baptista do Prado, afirmou que depositou dos direitos dos ex-funcionários em juízo e que aguarda as audiências no Ministério do Trabalho para poder fazer um acordo.
Fonte: EPTV/ São Carlos / G1