Rio Piracicaba registra 17 episódios de mortandade de peixes em 10 anos

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Cartão postal e uma das referências turísticas de Piracicaba (SP), o Rio Piracicaba registrou 17 episódios de mortandade de peixes nos últimos 10 anos no trecho que corta a cidade. Os dados são da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

“Os dados dos nossos relatórios de qualidade de água, disponíveis no site da Cetesb apontam que houve 17 episódios de mortandades entre agosto de 2014 e julho de 2024 no Rio Piracicaba no trecho da cidade de Piracicaba”, comunicou a companhia, em resposta ao g1.
O último deles aconteceu há uma semana, no último domingo (7). Uma descarga orgânica atingiu 42 quilômetros de extensão na água, desde o Ribeirão Tijuco Preto. Um mutirão realizado após a contaminação retirou 2,9 toneladas de peixes mortos do rio. O caso é investigado pelo Ministério Público e Cetesb, que informou que identificou a usina de onde partiu o poluente.

Nesse caso mais recente, segundo o órgão, o despejo irregular de resíduos industriais já foi interrompido e a origem da substância poluente e tóxica foi a São José S/A Açúcar e Álcool.

Advertência por operar sem licença
A Cetesb detalhou ao g1 que registrou, em 20 de janeiro de 2020, a paralisação das atividades da empresa, que permaneceu sem operação até o ano de 2023. Neste período, houve um pedido de licença negado em 2018.

Em meados de 2018, também conforme a companhia ambiental, a empresa recebeu um auto de infração de advertência por operar sem a renovação da licença da Cetesb.

“Após um período de atividades paralisadas, a empresa solicitou a renovação da licença de operação e obteve, em fevereiro de 2023, uma licença que é válida até outubro de 2025. Mas somente iniciou as atividades para a presente safra em 2024”, completou.
Não houve aplicações de multas à empresa até o momento. No entanto, em relação ao caso registrado na última semana, a Cetesb prevê aplicação de multa de até R$ 50 milhões.

Recuperação de peixes pode demorar até 9 anos
A recuperação da população de peixes no Rio Piracicaba após a mortandade mais recente pode demorar até nove anos para acontecer, o que equivale a três gerações de animais. A estimativa foi feita pelo analista ambiental, Antonio Fernando Bruni Lucas, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.

“Esses peixes daí não vão mais reproduzir, morreram. Vai ter reprodução? Provavelmente vai ter reprodução sim, porque existem outros cardumes. Não matou o rio todo, não houve essa mortalidade no rio todo, mas dentro daquela faixa perdemos uma população. Essa população ia contribuir com a reprodução desse ano”, explicou o especialista.

“Então, essa população não contribuindo, vai fazer com que diminua os estoques. Uma nova população, para chegar, depende mais ou menos de três anos para se tornar fértil, para se tornar adulta. E, para recomposição do estoque, a gente calcula mais ou menos algo em torno de três gerações, de sete a nove anos, mais ou menos, dependendo das espécies”, acrescentou.

Fonte: G1

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