O coronel-aviador da FAB (Força Aérea Brasileira), Décio Dias Gomes, ficou surpreso quando visitou Araras há três meses e viu o avião modelo Mirage F-103, exposto como monumento na Praça Roberto Mercatelli, em frente ao Ginásio de Esporte Nelson Rüegger. “Ele foi um marco histórico para a defesa nacional”, afirma.
Dias Gomes é coronel da reserva remunerada e trabalha na AFA (Academia da Força Aérea), em Pirassununga. Ele explica que a surpresa também se deve à restrição de municípios que contam modelos expostos. “A maioria dos Mirage sem uso está em órgãos institucionais e pontos do Distrito Federal e acredito que Araras é uma das únicas cidades, fora desse circuito da FAB, que guarda um modelo. Por isso a surpresa em rever um avião de tamanha importância”, ressalta.
Foto do início dos anos 2000 mostra frota de aviões Mirage na Base Aérea de Anápolis: o que está no Ginásio de Esporte também está na foto
(Crédito: Arquivo Pessoal)
Tribuna conversou com o coronel Dias Gomes ontem (9), que recordou momentos marcantes de sua vida profissional com o caça. Natural do Rio de Janeiro, Dias Gomes se formou em piloto na Epcar (Escola Preparatória de Cadetes do Ar) em Barbacena/MG. Depois foi para a AFA concluir os quatro anos da formação superior.
“Entrei e me formei muito jovem, aos 21 anos, em 1987. Aliás, pilotei avião antes de tirar minha CNH (Carteira Nacional de Habilitação)”, disse brincando. Foi após a especialização em piloto de caça, feita na base de Natal/RN, que o coronel teve contato com o Mirage. “Somente a BAAN (Base Aérea de Anápolis), em Goiás, que abrigava os modelos e serviam para proteger Brasília, no Distrito Federal”, explica.
A Base de Anápolis fica distante 150 quilômetros de Brasília e a FAB tinha 16 caças Mirage, mesmo modelo que está em Araras. Os Mirage representaram, em termos militares, um marco na soberania nacional. A numeração de Araras indica que ele era um modelo para apenas um piloto.
De fabricação francesa, a Dassault, as aeronaves foram compradas em 1972, ano em que o Brasil entrou na era dos jatos que ultrapassam a barreira do som e superam 1.250 quilômetros por hora. “Tive a inesquecível oportunidade de pilotar o caça e ver a curvatura da Terra”, relembra.
Coronel Dias em sua última viagem no Mirage: “vi a curvatura da Terra e foi inesquecível”
(Crédito: Arquivo Pessoal)
Além de proteger a capital federal, os Mirage também tinham poder para abater aviões em situações de atentados terroristas, por exemplo. Devido ao marco que representou, o coronel Dias Gomes ressalta a importância da cidade manter o modelo exposto para a população.
A unidade que está na praça do Ginásio de Esporte realizou seu primeiro voo em 1989 e o último foi em 30 de dezembro de 2005. No total foram 6.028 horas de voo e 8.124 pousos. Em 2012, o avião foi doado pela FAB para a Prefeitura em comemoração aos 150 anos de Araras.
“Os Mirage foram substituídos pela mesma marca, mas modelo 2000. Depois, chegaram os F-5, que é menor, mas suficiente para cumprir as missões rotineiras. Atualmente, a FAB aguarda a chegada dos modelos Gripen, comprados há cerca de dois anos, da fabricante sueca Saab”, finaliza o coronel.
Fonte: Tribuna do Povo
Piloto de caça da FAB fica surpreso com avião Mirage na praça do Ginásio de Esporte